quinta-feira, 17 de maio de 2012

Marcha da Maconha. E eu com isso?


                                             Márcia Rebeca*




A sociedade brasileira passa por intensas transformações -principalmente as da ordem social-  todavia, a intolerância nos ronda. Ocupar às ruas em defesa da descriminalização da maconha é pedir ao Estado que crie mecanismo para controle e produção, e isso não é apologia. É tratar a questão de frente.

Qualquer droga, seja ela qual for (álcool, medicamentos, chás, maconha, etc) tem seus efeitos colaterais. E talvez nenhum seja tão devastador quando a marginalização dos usuários, produzida pela sociedade. O modelo da guerra às drogas, da política proibicionista trata com polícia uma questão de saúde pública, gerando violência, com jovens matando e morrendo. Logo,essa lógica continuará acontecendo enquanto se faz vista grossa ao debate.

Aí perguntamos: a quem serve essa guerra? Eu digo que serve a quem explora a justificativa de que a criminalização dará conta de acabar com o consumo, e não vai. É preciso que haja a regulamentação da cadeia produtiva, com a arrecadação de impostos e estabelecimento de regras e limitações para a venda e o consumo; mas, acima de tudo, é preciso que cada um de nós percebamos que temos sim muito haver com processo histórico e social da Marcha da Maconha, e isso se dará a partir do momento que a sociedade passe a refletir sobre o tema, com responsabilidade e a coragem necessários para transpor as barreiras da intolerância.


* Professora de Química e acadêmica de Ciências Sociais

Foto: Sérgio Neglia

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eu faço política

Por Márcia Rebeca

“Se aos socialistas se atribui a utopia como pecha, como incapacidade romântica de adequação a uma realidade que se propõe insuperável, deve-se apresentar aos conformistas, das mais variadas ordens, a fatura da distopia.”
Carlos Siqueira




Eu faço política porque o que me cerca me causa desconforto. Por que ver mães em filas gigantescas durante a madrugada, em busca de uma vaga na creche me deixa indignada. Por que acho um absurdo jovens não terem o direito de sonhar com um futuro melhor, pois a educação no nosso país ainda deixa a desejar. Eu poderia ficar aqui horas dizendo por que faço política, mas o motivo mais simples e o mais completo é que faço política por acreditar que posso ser instrumento da mudança, de uma sociedade em que predominam as diferenças para uma sociedade em que todas e todos tenham as mesmas oportunidades.

Para fazer política é imprescindível dedicar-se a uma causa. Às vezes fazemos política e nem nos damos conta. Quer ver? Quem aí nunca discutiu sobre a burocracia no Brasil, sobre como seria mais fácil se não houvesse e defendeu inúmeras teses? Pois é, você fez política ao defender seu posicionamento. Alguns setores da sociedade tem se mobilizado por diversas causas, aqui em Manaus temos exemplos em 2009 quando o prefeito Amazonino decretou a redução da meia-passagem estudantil e centenas de estudantes (eu entre eles) foram as ruas durante dias seguidos em busca de reaver um direito perdido. E em 2010 quando a CMM aprovou a Taxa do Lixo desencadeando um movimento que surgiu nas redes sociais  com o propósito de divulgar o nome dos vereadores que foram favoráveis ao projeto. Em 2011 novamente vimos manifestações contra o aumento da tarifa de transporte, e pelo mundo manifestações pela queda de regimes antidemocráticos.

A mobilização é característica do envolvimento político, nós como cidadãos temos o dever de participar da política, defendendo nossos posicionamentos, que, aliás, é outra característica do envolvimento político. Assumir posição diante dos interesses da sociedade, escolher um lado e defendê-lo. O povo faz isso ao protestar, por exemplo, quando o que lhe incomoda e o que lhe insatisfaz acontecem rotineiramente e reclama. Pude ver isso quando pessoas que não usam o transporte público se solidarizaram aos estudantes, na ocasião da redução da meia-passagem, por entenderem que aquela era uma luta legítima em defesa de direitos.

Ter um ideal e lutar por ele. Lutar com quem tenha como objetivo o desenvolvimento de políticas sociais que sejam capazes de transformar o Brasil num país que ofereça igualdade de oportunidades para todas e todos, para que sejam de fato cidadãos. Isso é fazer política, acreditar, se engajar, defender sua posição, ter um ideal. E você, tem um ideal que o impulsione a lutar? Juntemos nossas mãos e vamos em frente, a mudança virá pela mão da juventude.